sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Último Reduto: Futebol com Extremos

Da semana futebolística que passou, podemos extrair dois exemplos opostos de momentum desportivo, de duas equipas separadas entre o futebol total e o futebol desgarrado. O resultado são dois grupos de adeptos divididos entre o orgulho e a decepção.

Na ascensão ao Olimpo da redondinha, encontramos a magia culé. Especulou-se como sempre sobre a rivalidade e o equilíbrio entre Barcelona e Real Madrid, no relvado foi o do costume também: domínio absoluto dos primeiros, com o Barça a repetir a remontada no terreno dos merengues. E se virem foi realmente tudo igual. 73% de posse para Santiago Bernabeu ver, festival de virtuosismo técnico-táctico – como Rui Santos não diria melhor – e Pepe possuído pelo demónio.

A cada temporada é história o que desenha em terras de Gaudí, plena de momentos que deixarão saudades a todos, até aos torcedores do Real. Por muito que desejemos vibrar com as conquistas de CR7 e J.M., é um crime que esbocemos sequer uma tentativa de ignorar o primor futebolístico de uma equipa cujo brilho dificilmente veremos repetido, pelo menos durante a nossa geração. É  o b r i g a t ó r i o  para quem gosta do desporto-rei não perder um jogo de Puyol, Xavi, Messi e Iniesta – e se puderem, dêem um salto a Nou Camp que ao vivo é melhor.


Descendo aos Infernos do futebol, está Domingos a bufar sem paciência com o Diabo. Desde o Natal que os sportinguistas se perguntam pela equipa que os voltou a encher de esperança, depois de seis jogos a marcar passo e, bem mais importante, um fio de jogo que desapareceu.

Ontem fui a Alvalade ver um Moreirense desfalcado bater o pé ao onze titular do Sporting e o vivo do estádio confirmou o que me mostrou o directo da TV: cada jogador recebe a bola sem saber o que lhe fazer, a construção de jogo se existe é atabalhoada e os movimentos são previsíveis. Está de volta a sofreguidão e falta de qualidade dos dois últimos anos a um conjunto que esta temporada já conseguiu dez vitórias consecutivas com futebol de alto nível. Para quem é do Sporting é inexplicável. Abaixamento de forma de vários elementos importantes, ondas sucessivas de lesões, aparecimento de conflitos no balneário, todas poderão ser causas.
Porque o que ontem aconteceu em Alvalade não é normal. Os jogadores têm de ser enquadrados em estruturas que lhes incutam responsabilidades e que lhes definam os limites. Nenhum atleta pode – em nenhum momento –  conceber desobedecer ao treinador, e estar tão privado de espírito de equipa, essencial para que se volte a ganhar.

O que está aqui em causa é a autoridade de Domingos e a sua capacidade de gerir os egos dos jogadores. O que já não está em causa é que Bojinov não mais voltará a jogar pelo Sporting, e que, por 3,5 milhões de euros, se cota como mais um negócio ruinoso para o clube.

Sem comentários: