quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brasil x Croácia: Análise aos 'Vatreni'


 Como diria Jorge Valdano, eis que chega o mês em que «todos os dias são domingo». Nada melhor que começar por enunciar a frase que tão fielmente espelha a essência do Mundial. Arranca o sonho. A ilusão ganha vida nas botas que desfilam sobre a relva dos 'gramados', e a procura do 'hexa' tem início por parte da selecção da casa. A copa das confederações parece ter despertado o gigante adormecido e elevado o temível Brasil ao estatuto de favorito a nova conquista do Olimpo futebolístico. Primeiro passo? Levar de vencida a Croácia.
Pouco rígida do ponto de vista táctico, com uma defesa frágil pese embora a experiência dos seus elementos, e uma equipa talentosa do meio-campo para a frente. Assim se define a Croácia de Niko Kovac, - chamado a assumir o comando à entrada para o 'play-off' frente à Islândia - que não foge ao paradigma habitual daquilo que tem exibido enquanto nação independente.

Escalonada em 4x2x3x1, peca pela fraca organização no sector defensivo, que estará órfão de Josip Simunic durante a competição. O capitão do Dínamo de Zagreb foi punido pela “FIFA” devido a cânticos alusivos a um movimento croata pro nazi em novembro. Assim, como opções para auxiliar Corluka no eixo, surgem Domagoj Vida e Lovren. Ausência também confirmada – porém apenas para o confronto com o Brasil - é a do ex-Sporting Daniel Pranjic, que sofreu uma entorse no joelho esquerdo e só estará recuperado para o confronto com a selecção dos  Camarões. Na manobra defensiva, é comum ver os extremos descerem para auxiliar os seus colegas de ala, algo que será essencial para menorizar estragos face à qualidade dos flanqueadores brasileiros. 
Sem que se destaquem pelo grande atrevimento ofensivo, das laterais, importa salientar a qualidade de Srna nesse mesmo capítulo. No entanto, é também pelo meio que a Croácia poderá ter problemas, - sobretudo se a equipa se encontrar balanceada no ataque – atendendo a dois factores:

1 - Fraca capacidade táctica que origina naturalmente vários desequilíbrios.

2 - Embora possua três bons elementos naquele espaço (Modric, Rakitic e Kovacic), nenhum deles é um “6” puro, e a excessiva liberdade de que gozam também origina demasiados espaços. Apesar de serem jogadores com capacidade para vir buscar jogo atrás e que fecham bem, não há um elemento que não seja tão primoroso em termos técnicos e mais eficiente no que ao desarme e à destruição de jogo diz respeito. Badelj, na plenitude das suas condições físicas, seria uma importante peça.


Na frente, a Croácia não poderá contar com Mandzukic para o jogo de estreia atendendo a que se encontra suspenso. Ao invés de procurarem a linha para servir o goleador do Bayern, Perisic e Eduardo/Olic poderão optar por diagonais para o meio. No último ensaio frente à Austrália, Jelavic rendeu Mandzukic com sucesso e marcou o único golo do encontro. A qualidade em termos de meia distância que jogadores como Rakitic ou Modric possuem poderá ser também um aspecto a ter em atenção pela defesa 'Canarinha'. Nota também para os passes de rotura que o fantasista Luka Modric procurará, elemento fundamental no esquema balcânico.

Por Afonso Canavilhas

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